Nova subida do rio (dias 26 e 27)
13 Novembro de 2006 - Segunda-feira (dia 26)
-Acordar às 6:30h da manhã
-Arrumar tudo para ir apanhar o barco, mas estava atrasado só lá para as 11h.
-Ir à agencia de viagens da Trip mudar o bilhete, é um balcãozinho pequeno num dos pequenos comércios no centro da vila. Deu!!! Boa!! Finalmente o itinerário da minha viagem ficou totalmente definido, depois de muitas e muitas alterações!! Partirei de S. Gabriel na Sexta-feira directo para Lisboa com um total de três voos. É arriscado mas até agora tudo tem corrido pelo melhor por isso também isto irá correr bem de certeza.
-Despedir dos amigos e pessoal fantástico que conhecemos aqui.
A amizade e generosidade da D. Dulcilene e toda a sua família é algo que nunca esquecerei e que guardarei com muito carinho!!
-Colocar mochilas às costas uma vez mais e seguir para o barco que já estava atracado a descarregar fretes (carga) que trazia. O barco é o Tanaka V, um pouco maior que o barco Tanaka IV em que tínhamos chegado aqui exactamente uma semana antes.
Desta vez com a minha prática de rede e com um barco maior espero dormir melhor que na viagem anterior.
-Partimos!!
-Uma cerveja já no barco para brindar com o Ernesto a bons ventos (neste caso será mais boas correntes) para o resto da viagem de mais 300 km rio acima.
-Descer para montar redes.
Entretanto e apenas 30 minutos após a partida o motor do barco enpanou!!! Encostou à margem enquanto resolviam o problema. 40 min depois reiniciamos a marcha.
-Rancho
-E deitar na rede a dormir a sesta e a escrever o diário dos meus últimos 4 dias.
-Começou a chover forte e feio outra vez.
Entretanto Daniele, uma brasileira estava a falar com o Ernesto e queixou-se de uma irritação de pele junto ao olho, ao que ele disse para ela ir ter comigo intitulando-me "Pagé branco". A propósito acabei por conhecer uma verdadeira Pagé índia que vivia próximo de santa Isabel essa sim era e tinha mesmo o ar de ser Pagé. Entretanto a própria Daniele é neta de Pagé e começou a dar-me uma lista de medicamentos que a avo dela usa para curar diversas doenças, incluindo duas que segundo ela o tio se curou de Diabetes. Ela disse que o médico, quando o observou de novo após ele ter sido tratado com essas plantas, ficou muito admirado e perguntou o que é que ele tinha feito mas ele não contou. Até aqui existe a rivalidade da medicina dita tradicional e da medicina natural.
Durante a noite o barco teve que parar porque a partir daqui o rio tem muita pedra e é perigoso navegar sem luz. O pessoal do barco aproveitou para ir pescar. Fizeram tal algazarra que era difícil adormecer. Para ajudar à festa começou um temporal enorme. Começou mesmo a época das chuvas!!!!
Mas já estou pró a dormir em redes...
14 Novembro 2006 - Terça-feira (dia 27)
Acordei às 7:30 com o barulho do pessoal a ir tomar o café da manhã!
O café da manhã era muito fraco!!! Café com leite e bolachas de água e sal.
Qualquer café era melhor que este. O que nos valeu foi a merenda de sanduíches e bolo que a D. Dulcilene nos enviou.
Continuarei no meu papel de Pagé branco, a dormir na rede, ler e escrever uma vez que continua a chover desalmadamente.
A chuva começa a ser uma constante e o barco vai seguindo compassadamente desviando das rochas que neste troço do rio até S. Gabriel são um perigo. Aliás este barco irá parar 20 km abaixo da cidade exactamente pela quantidade de rochas que há nesse troço. Teremos que apanhar um táxi ou boleia para chegar à cidade de S. Gabriel. S. Gabriel é uma cidade pequena mas umas 5 vezes maior que Santa Isabel. Já tem tudo, bancos, internet, vários hotéis etc e a população é mista e não só quase índia como acontece em Santa Isabel.
Nesta zona em que a selva é uma constante em todo o lado sente-se uma energia extra, em nós e em todo o lado. Aquele conceito meio abstracto que já todos ouvimos de "Terra-mãe" por mais estranho que pareça para alguns, faz aqui todo o sentido e sente-se em todo o lado.
Aqui é que me apercebo o quão afastados estamos, na sociedade ocidental, desta Terra-mãe. E acredito mesmo que todas as depressões, neuroses e paranóias que se verificam na nossa sociedade sejam em grande parte decorrentes disso. É que aqui no alto rio negro as famílias vivem todas juntas em equilíbrio, em que cada elemento tem funções específicas. Os idosos mantêm actividade física até muito tarde mantendo uma sanidade mental até idades de 80 e 90 anos invejável para os nossos (ocidentais) sexagenários e septuagenários.
Uma questão que vi aqui foi a inexistência de controlo de natalidade. Quer com o pessoal do Roçado quer em Santa Isabel as pessoas começam a ter filhos com 15, 16 ou 17 anos e é comum ver famílias com 8 filhos todos em escada com diferença máxima de 1 ano. E é normal um rapaz solteiro de 20 anos ter já um ou dois filhos.
Os próximos dois dias serão passados em S. Gabriel a ir com o Ernesto a uma comunidade índia e a ver paisagens nas redondezas. Sexta já embarco...
-Acordar às 6:30h da manhã
-Arrumar tudo para ir apanhar o barco, mas estava atrasado só lá para as 11h.
-Ir à agencia de viagens da Trip mudar o bilhete, é um balcãozinho pequeno num dos pequenos comércios no centro da vila. Deu!!! Boa!! Finalmente o itinerário da minha viagem ficou totalmente definido, depois de muitas e muitas alterações!! Partirei de S. Gabriel na Sexta-feira directo para Lisboa com um total de três voos. É arriscado mas até agora tudo tem corrido pelo melhor por isso também isto irá correr bem de certeza.
-Despedir dos amigos e pessoal fantástico que conhecemos aqui.
A amizade e generosidade da D. Dulcilene e toda a sua família é algo que nunca esquecerei e que guardarei com muito carinho!!
-Colocar mochilas às costas uma vez mais e seguir para o barco que já estava atracado a descarregar fretes (carga) que trazia. O barco é o Tanaka V, um pouco maior que o barco Tanaka IV em que tínhamos chegado aqui exactamente uma semana antes.
Desta vez com a minha prática de rede e com um barco maior espero dormir melhor que na viagem anterior.
-Partimos!!
-Uma cerveja já no barco para brindar com o Ernesto a bons ventos (neste caso será mais boas correntes) para o resto da viagem de mais 300 km rio acima.
-Descer para montar redes.
Entretanto e apenas 30 minutos após a partida o motor do barco enpanou!!! Encostou à margem enquanto resolviam o problema. 40 min depois reiniciamos a marcha.
-Rancho
-E deitar na rede a dormir a sesta e a escrever o diário dos meus últimos 4 dias.
-Começou a chover forte e feio outra vez.
Entretanto Daniele, uma brasileira estava a falar com o Ernesto e queixou-se de uma irritação de pele junto ao olho, ao que ele disse para ela ir ter comigo intitulando-me "Pagé branco". A propósito acabei por conhecer uma verdadeira Pagé índia que vivia próximo de santa Isabel essa sim era e tinha mesmo o ar de ser Pagé. Entretanto a própria Daniele é neta de Pagé e começou a dar-me uma lista de medicamentos que a avo dela usa para curar diversas doenças, incluindo duas que segundo ela o tio se curou de Diabetes. Ela disse que o médico, quando o observou de novo após ele ter sido tratado com essas plantas, ficou muito admirado e perguntou o que é que ele tinha feito mas ele não contou. Até aqui existe a rivalidade da medicina dita tradicional e da medicina natural.
Durante a noite o barco teve que parar porque a partir daqui o rio tem muita pedra e é perigoso navegar sem luz. O pessoal do barco aproveitou para ir pescar. Fizeram tal algazarra que era difícil adormecer. Para ajudar à festa começou um temporal enorme. Começou mesmo a época das chuvas!!!!
Mas já estou pró a dormir em redes...
14 Novembro 2006 - Terça-feira (dia 27)
Acordei às 7:30 com o barulho do pessoal a ir tomar o café da manhã!
O café da manhã era muito fraco!!! Café com leite e bolachas de água e sal.
Qualquer café era melhor que este. O que nos valeu foi a merenda de sanduíches e bolo que a D. Dulcilene nos enviou.
Continuarei no meu papel de Pagé branco, a dormir na rede, ler e escrever uma vez que continua a chover desalmadamente.
A chuva começa a ser uma constante e o barco vai seguindo compassadamente desviando das rochas que neste troço do rio até S. Gabriel são um perigo. Aliás este barco irá parar 20 km abaixo da cidade exactamente pela quantidade de rochas que há nesse troço. Teremos que apanhar um táxi ou boleia para chegar à cidade de S. Gabriel. S. Gabriel é uma cidade pequena mas umas 5 vezes maior que Santa Isabel. Já tem tudo, bancos, internet, vários hotéis etc e a população é mista e não só quase índia como acontece em Santa Isabel.
Nesta zona em que a selva é uma constante em todo o lado sente-se uma energia extra, em nós e em todo o lado. Aquele conceito meio abstracto que já todos ouvimos de "Terra-mãe" por mais estranho que pareça para alguns, faz aqui todo o sentido e sente-se em todo o lado.
Aqui é que me apercebo o quão afastados estamos, na sociedade ocidental, desta Terra-mãe. E acredito mesmo que todas as depressões, neuroses e paranóias que se verificam na nossa sociedade sejam em grande parte decorrentes disso. É que aqui no alto rio negro as famílias vivem todas juntas em equilíbrio, em que cada elemento tem funções específicas. Os idosos mantêm actividade física até muito tarde mantendo uma sanidade mental até idades de 80 e 90 anos invejável para os nossos (ocidentais) sexagenários e septuagenários.
Uma questão que vi aqui foi a inexistência de controlo de natalidade. Quer com o pessoal do Roçado quer em Santa Isabel as pessoas começam a ter filhos com 15, 16 ou 17 anos e é comum ver famílias com 8 filhos todos em escada com diferença máxima de 1 ano. E é normal um rapaz solteiro de 20 anos ter já um ou dois filhos.
Os próximos dois dias serão passados em S. Gabriel a ir com o Ernesto a uma comunidade índia e a ver paisagens nas redondezas. Sexta já embarco...
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